Embora o Compêndio de Doutrina Social da Igreja faça certa distinção entre o progresso terreno, e aquele correspondente ao Reino de Cristo, reconhece que o primeiro favorece o segundo. Deste modo, pretende estimulá-lo através do “amor recíproco entre os homens, sob o olhar de Deus, o instrumento mais potente de mudança, no plano pessoal assim como no social” (n. 55). Nessa sociabilidade humana, a abertura ao Transcendente torna-se uma referência indispensável, abrindo-se assim um espaço favorável para a Igreja e o seu múnus, pois “com a pregação do Evangelho, a graça dos sacramentos e a experiência da comunhão fraterna, a Igreja sana e eleva a dignidade da pessoa humana” (n. 51), levando-a assim à sua realização pessoal e na comunidade.
Por um lado, a Doutrina Social da Igreja alerta para os riscos da absolutização do Estado, e por outro, para a ideologia “intramundana do progresso”, ambas as coisas “contrárias à verdade integral da pessoa humana e ao desígnio de Deus na história” (n. 48), e acautela igualmente para os anseios de “uma organização temporal mais perfeita, sem que este progresso seja acompanhado de igual desenvolvimento espiritual” (n. 104). Podemos encontrar na Doutrina Social da Igreja “um corpo doutrinal atualizado, que se articula à medida em que a Igreja, dispondo da plenitude da Palavra revelada por Cristo Jesus e com a assistência do Espírito Santo (cf. Jo 14, 16. 26; 16, 13-15), vai lendo os acontecimentos, enquanto eles se desenrolam no decurso da história” (n. 104). Os seus ensinamentos exortam à liberdade religiosa e de consciência, seja em que âmbito for: “O respeito de tal direito assume um valor emblemático do autêntico progresso do homem em todos os regimes, em todas as sociedades e em todos os sistemas ou ambientes” (n. 155).
Por fim, este importante documento da Igreja, considera fundamental o respeito e o acolhimento da vida humana, permitindo “deste modo, um contributo essencial e insubstituível para o progresso da sociedade” (n. 237). E observa no matrimónio e na família um “valor único e insubstituível […] em vista do autêntico progresso da convivência humana” (n. 553). Salienta, por fim, a solidariedade como valor fundamental para a política e a justiça social, sem a qual “as atuais estruturas económicas, sociais e culturais sentem dificuldade em assumir as exigências dum autêntico progresso” (n. 564).
P. José Victorino de Andrade
Conheça os temas do vasto Compêndio de Doutrina Social da Igreja aqui.
Trechos extraídos e adaptados de: VICTORINO DE ANDRADE, José. Aportes da Igreja para um autêntico Progresso. Medellín: UPB, 2009. p. 146-148
Deixe uma Resposta