Cabe a todos os fiéis a responsabilidade de testemunhar e viver a sua Fé através de atos concretos e responsáveis, que possam colaborar com os mais diversos empreendimentos temporais, participando ativamente das atividades e responsabilidades inerentes à construção e edificação de um mundo melhor. E sem dúvida nenhuma que todos estão chamados a caminhar no sentido de uma aproximação a todas as realidades, e através do diálogo, encontrar pontos de interesse análogos. De certa forma, ao oferecer a mão para empreender a caminhada no sentido do bem comum, espera-se uma abertura e cooperação do poder temporal, conforme o artigo escrito sob a pena de Gabriel J. Zanotti para o Instituto Acton: “A ‘razão pública’ não necessita excluir as metafísicas e as religiões de cada ponto de vista, sem colocá-las em diálogo e encontrando nesse diálogo pontos em comum”.[1]
Hoje, a Igreja deu provas de que está disposta a abrir espaços de diálogo com todas as culturas, e até mesmo com os não crentes, e propõe valores que são fundamentais, sem os quais o “edifício” hodierno correria o risco de desmoronar, pois não estaria fundado sobre solo firme. E que solo mais firme haveria do que a “rocha de Pedro”? De facto, a Igreja serve-se de uma atenta análise dos acontecimentos e da realidade, munida das Escrituras, a fim de tomar a preciosa ferramenta da Palavra de Deus que interpela os homens de todos os tempos. Sem pretender tomar para si a autoridade temporal, mas partilhando dos anseios humanos, conforme explica Paulo VI na Populorum Progressio, a Igreja toma também para si a responsabilidade do Progresso.
Fundada para estabelecer já neste mundo o reino do céu e não para conquistar um poder terrestre, a Igreja afirma claramente que os dois domínios são distintos, como são soberanos os dois poderes, eclesiástico e civil, cada um na sua ordem. Porém, vivendo na história, deve ‘estar atenta aos sinais dos tempos e interpretá-los à luz do Evangelho’ (n. 13).
À luz desta separação do poder eclesiástico e do civil e estabelecido o meio de interpretar os sinais dos tempos, as pontes de diálogo servirão não apenas para veicular informação prática e secundária, mas uma Palavra capaz verdadeiramente de iluminar, que deseja comunicar-se com os homens, capaz de os transformar, e construir “já neste mundo” – na expressão de Paulo VI – “o reino do céu”.
Pe. José Victorino de Andrade
Extraído e adaptado de VICTORINO DE ANDRADE, José (2011). Aportes de Igreja para um autêntico progresso: Da Populorum Progressio à Caritas in Veritate. Licenciatura Canônica em Teologia com ênfase em Moral. Medellín: UPB, 2011.
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[1] La ‘razón pública’ no necesita excluir las metafísicas y las religiones de cada punto de vista, sino ponerlos en diálogo encontrando en ese diálogo razones en común. (ZANOTTI, Gabriel J. Caritas in Veritate: instituciones, economía, ética….y cristianismo. Ottawa: Acton Institute. 9 jul. 2009.)
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