São João Evangelista, o apóstolo do amor de Deus, dá-nos a conhecer concretamente o amor enquanto Ser, Pessoa, extrapolando assim o substantivo que caracteriza o mero sentimento, afeto, afinidade ou uma disposição: “ficámos a conhecer o amor: Ele, Jesus, deu a sua vida por nós” (1 Jo 3, 16). “Deus é amor” (1 Jo 4, 16). O amor pleno, total, eterno, transborda, é uma fonte de calor que irradia e incendeia aquele que dele se aproxima e que assim, abrasado e incandescente, iluminado e iluminador, deixa-se moldar e é sinal. A isto estamos chamados, porque amados, a corresponder a este amor “com obras e com verdade. Por isto conheceremos que somos da verdade e, na sua presença, sentir-se-á tranquilo o nosso coração” (1 Jo 3, 18-19).
Desta forma, aquele que amorosamente guarda a Palavra de Deus no seu coração e faz a experiência do Amor, está especialmente chamado a testemunhá-lo ao próximo, correspondendo ao primeiro e mais importante dos mandamentos (Mt 22,34-40; Mc 12,28-31; Lc 10,25-28) e expressando-o em ações concretas. Este amor que impele, que leva a agir em favor daquele que necessita, tem uma origem: “Nós amamos, porque Ele nos amou primeiro” (1 Jo 4, 19). Assim, nós estamos chamados, portanto, vocacionados, a responder com amor, gratuidade, ágape, àquele mesmo amor de que fomos objeto. É assim que se reconhecem aqueles que são seus discípulos, conforme as palavras do Senhor: “Dou-vos um mandamento novo: que vos ameis uns aos outros assim como Eu vos amei. Por isto é que todos conhecerão que sois meus discípulos: se vos amardes uns aos outros” (Jo 13, 34-35).
Quando os Apóstolos são chamados à missão, Jesus adverte-os: “Recebestes de graça, dai de graça” (Mt 10, 8). Ao ser amado e amando, o homem descobre a sua vocação, renova-se, inspira-se e fortalece-se para a edificação do Reino. Assim, o Bem e o Amor absoluto que continuamente chama e atrai a si todos os homens, convida-os a tudo fazerem por Cristo, com Cristo e em Cristo de modo a corresponderem à altíssima vocação de amar e à responsabilidade de serem amados.
Pe. José Victorino de Andrade
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