A Igreja tem o peculiar chamado de anunciar o mistério da unidade-trindade de Deus, e de levar a todos a Revelação de Jesus Cristo (CEC 237; 738). A sua Doutrina Social tem fundamentos teológicos importantes e essenciais na Santíssima Trindade, um “manancial, que vem do alto”, e que coloca acima de tudo “o projeto de Deus sobre a criação e, em particular, sobre a vida e o destino do homem, chamado à comunhão trinitária” (CDSI 74). O amor trinitário é origem e meta da pessoa humana.
Na Trindade temos uma referência de doação, alteridade e comunicatividade entre as três pessoas divinas. Esta unidade das distintas pessoas, unidade sem confusão ou distinção sem separação que carateriza a relação trinitária inspira um modelo para a comunhão dos homens na sociedade, para a convivência pacífica e o pluralismo. Uma sociedade humana constituída à imagem da sociedade divina seria sem dúvida a melhor possível, uma vez que o relacionamento entre as três Pessoas da Santíssima Trindade constituiria o modelo perfeito e ideal para as relações sociais, norteadas assim pelo amor mútuo.
Sem esta noção, o homem corre o risco de materializar e mecanizar a sua vida terrena, vivendo individualista e egoisticamente à margem do criador e daqueles vestígios que encontramos na obra da criação, desprezando não só a sua característica trinitária enquanto relação como também a sua dignidade de imagem e semelhança (Gn 1, 26). Por isso a Igreja reconhece a importância do amor trinitário e a necessidade de procurarmos a semelhança deste absoluto celeste, aplicando-o ao relativo terreste e consequentemente ao campo das experiências inter-relacionais e da convivência entre os homens.
Pe. José Victorino de Andrade
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