Para uma melhor compreensão dos acontecimentos que precipitaram a queda da Bastilha, a Revolução Francesa, e a decapitação de Luís XVI e Maria Antonieta, é necessário conhecer O Caso do Colar. De acordo com Funck-Brentano, autor desta obra, entre os múltiplos processos da História, talvez nenhum outro tivesse influenciado tanto uma mudança nos destinos da França (e do mundo). Este foi considerado por Mirabeau como o “prelúdio da Revolução”. Este caso comprometeu a Igreja e a Realeza, a cruz e o cetro, conforme foi declarado no processo e aproveitado, posteriormente, pelos revolucionários.
Este acontecimento foi capaz de fazer com que as aclamações e brados de júbilo que acompanharam a receção e o cortejo dos Delfins se transformasse, alguns anos depois, num chorrilho de brados, slogans e intrigas, que acompanhariam o Rei e a Rainha, e aqueles que subiram ao cadafalso. Uma história que inspirou obras de cinema e de teatro, entre elas uma de Goethe, que se debruçou sobre o caso. Alexandre Dumas, insere-o nos seus escritos; N’Os Miseráveis, Victor Hugo faz-lhe alusão. Napoleão meditou sobre ele na ilha de Santa Helena. Um dos mais insignes biógrafos da Rainha, Pierre de Nolhac, considerou que a partir deste caso “a França precipita-se na Revolução. A realeza perde o seu prestígio e Maria Antonieta é, antecipadamente, destronada”.
O tradutor desta obra enriquece-a com notas de rodapé e outros textos de Funck-Brentano. Acrescenta no fim um Posfácio com algumas considerações e acréscimos importantes, tal como uma Bibliografia, que não consta no original, com as respetivas fontes, à guisa de sugestão para um estudo mais aprofundado. Dá assim uma ainda maior credibilidade histórico-científica à obra.
FUNCK-BRENTANO, Frantz. O Caso do Colar. Tradução e notas de José Victorino de Andrade. Lisboa: Euedito, 2022. 208p.
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